sábado, 24 de março de 2012

Sou jogador de setas compulsivo e ilustre motard, mas quero amar!



É muito fácil interligar os três conceitos (jogador de setas compulsivo, motard das concentrações e patego ilustre), porém, apesar daquilo que se possa pensar, não estão necessariamente e inevitavelmente contíguos.
Normalmente, as raparigas afastavam-se de mim quando dizia que tinha jogo de setas, mas o pior era quando elas me acompanhavam aos referidos jogos. A partir daí começavam a dar desculpas para não me acompanharem e até me largarem era um ápice. Seria porque ficavam ali largadas num bar, vulneráveis aos olhares de cabreiros de testa branca e com ar de lobo mau à espera da oportunidade de mandar uma boca mais foleira que a sua indumentária? Será porque o bar se enchia de pacóvios vindos da Labregueira da Serra, em que o acontecimento mais importante que acontecia ao fim-de-semana era este tipo de confrontos de duas em duas semanas? Não sei, as dúvidas consumiam-me e as certezas escasseavam na minha cabeça!
Muitas raparigas, apesar de o tentarem esconder, também mostravam alguma repulsa pelo facto de eu ser motard. De início gostavam bastante da minha pose máscula de motard que suportava um imponente capacete. Deliciavam-se com a expetoração que conseguia fazer chegar à boca (enquanto apertava uma narina e tinha o cotovelo do braço contrário encostado ao balcão) e com a cuspidela que se seguia para o chão, todavia a partir daí começavam a mostrar sinais de afastamento da minha pessoa. Seria porque a moto possuía uma cilindrada não superior a 50cc, que contradizia a categoria insinuada pelo capacete? Seria porque depois não conseguia manter o nível de parvalhice que induzia à primeira vista?
Houve um dia em que acordei, pensei de mim para mim, espera lá aí, isto tem que acabar, eu vou mudar de vida e vou arranjar alguém a quem entregar o meu coração. E foi nesse dia que descobri uma mina de ouro no que ao amor diz respeito. Um local onde pude ir buscar uma mulher com quem possa ultrapassar os obstáculos da vida, uma mulher com “P” grande! E lá consegui, dirigi-me ao local encantado e seduzi uma senhora bastante experiente, foi amor à quarta vista, depois de cem euros, ela percebeu que eu era o amor da sua vida. Vivemos 12 dias de intenso amor, até que aquele traidor, a que um dia chamei amigo, roubar-ma sem escrúpulos nem compaixão! Se ela me abandonou, foi sinal de Deus e foi porque não me merecia. Levei três semanas a digerir a rejeição. Voltei à mina de ouro e já existia lá outra fornada de senhoras. E não tardei a encontrar uma outra mulher da, minha, vida. Esta é uma mulher com um “P” tão grande como a primeira, mas está comigo até hoje, já passaram muitos meses e ela ainda consegue aguentar-me… Estou eternamente apaixonado e nada nem ninguém me conseguirá afastar dela. Amo-te Dulcinete!

Sou jogador de setas compulsivo e ilustre motard, mas não sou patego!


WW

Nenhum comentário:

Postar um comentário